Você pode ter seguido em frente, construído uma nova rotina, até feito terapia. Mas, por dentro, ainda carrega um peso que não sabe explicar. Uma cobrança constante. Uma sensação difusa de que, mesmo quando acerta, ainda está em dívida. Esse é o rastro silencioso da culpa — e ela, muitas vezes, não nasceu em você. Foi herdada, instalada, aprendida… muito antes da sua consciência entender o que sentia.
Neste artigo dividido em duas partes, você vai entender por que a culpa e a autocobrança se instalam tão profundamente, com base no trabalho do médico canadense Gabor Maté, referência mundial em trauma e autocura. Não vamos falar de culpa moral. Vamos falar da culpa emocional — aquela que te faz sentir que existe algo errado com quem você é.
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Por que seu corpo ainda se culpa — mesmo quando você já se perdoou
A mente pode até perdoar. Mas o corpo… ainda carrega.
E é esse corpo que sente o peso da autocobrança.
Você diz “sim” querendo dizer “não”. Trabalha além do necessário. Se antecipa para não incomodar. E tudo isso é culpa em ação. Uma culpa antiga, não racional — mas enraizada em camadas profundas da sua infância emocional.
Segundo Gabor Maté, a dor mais profunda não é o que nos fizeram. É o que deixamos de sentir porque tivemos que sobreviver.
Você aprendeu a se esconder para manter o amor por perto. A reprimir a raiva. A sorrir quando algo doía.
E assim, criou um código interno: “se eu errar, serei rejeitado.”
É por isso que a autocobrança aparece como vigilância.
Você não busca excelência por prazer. Você se cobra por medo.
Medo de não ser o suficiente. Medo de ser deixado. Medo de não ser aceito.
A origem da culpa está na desconexão com a criança interna.
Aquela parte sua que um dia concluiu: “algo em mim é demais”.
E, para não perder o afeto, tentou ser perfeita. Silenciosa. Eficiente.
Essa criança não foi vista, não foi validada. E hoje, você ainda tenta compensar esse vazio com desempenho.
Autocobrança não é força — é sobrevivência emocional não reconhecida
Você se orgulha da sua responsabilidade, da sua disciplina, do seu perfeccionismo.
Mas a alma está cansada.
Porque tudo isso é uma armadura que esconde o medo de não ser amado por quem você realmente é.
A espiritualidade verdadeira não exige que você seja melhor.
Ela exige que você seja inteiro.
E ser inteiro inclui acolher as partes que se sentem frágeis, sensíveis, indignas.
A culpa bloqueia o prazer.
Sabota o descanso.
Transforma autoconhecimento em mais um lugar de exigência.
E tudo isso nasce do mesmo ponto: a crença silenciosa de que algo em você precisa ser corrigido para merecer amor.
Essa é a ilusão.
Você não precisa melhorar. Precisa se reencontrar.
Como romper o ciclo da culpa e acolher a criança que você esqueceu
A culpa que você sente hoje não é sobre o que fez. É sobre quem você teve que deixar de ser para não perder amor.
Quando uma criança percebe — mesmo sem entender — que sua espontaneidade, raiva, dor ou necessidade incomoda os adultos, ela começa a se adaptar. Ela se molda. Se vigia. E, pouco a pouco, aprende a acreditar que ser ela mesma é um risco.
Esse processo é silencioso, mas devastador.
Você cresce. Assume responsabilidades. Se torna adulto.
Mas por dentro, a criança não recebeu alta. Ela ainda espera ser aceita. Ainda teme errar. Ainda se culpa por sentir o que sente.
Gabor Maté chama isso de trauma de adaptação — não o que foi feito contra você, mas o que você precisou negar em si para ser aceito.
E essa negação se transforma na autocobrança que hoje te esgota.
Você continua tentando dar conta de tudo.
Não porque quer vencer. Mas porque teme desagradar.
Você evita conflitos. Acompanha o ritmo dos outros.
Não por generosidade — mas por medo de ser deixado para trás.
Esse é o ciclo da culpa:
Uma adaptação antiga tentando garantir um pertencimento atual.
Mas que, na prática, te mantém desconectado de si.
A voz que te cobra não é sua — é uma herança emocional
Aquela voz interna que te julga, te corrige, te pressiona… ela não é sua essência.
Ela foi instalada. Copiada. Absorvida.
É um reflexo da forma como você foi tratado, observado ou ignorado.
Você aprendeu que se corrigir antes era mais seguro do que ser corrigido depois.
E assim, sua mente virou vigilante.
Mas essa vigilância tem um custo: você vive sob alerta, mesmo quando tudo parece bem.
A cura começa quando você separa o que é seu do que foi aprendido.
Quando você questiona:
“Essa cobrança é uma verdade… ou é uma defesa?”
Esse questionamento abre espaço para uma nova forma de estar em si.
Não como alguém que precisa ser consertado, mas como alguém que está se reintegrando.
É nesse ponto que a espiritualidade deixa de ser um ideal — e se torna um retorno.
Retorno à vulnerabilidade. Ao corpo. Ao sentir.
Retorno à criança que um dia foi deixada sozinha… e que agora pode ser acolhida.
Reconhecer não é regredir — é se libertar da punição emocional
Muitos têm medo de olhar para dentro porque acham que vão se fragilizar.
Mas é o contrário.
A verdadeira força nasce quando você não precisa mais fingir que está tudo bem.
Você pode dizer “estou cansado” sem culpa.
Pode dizer “não quero agradar hoje” sem medo.
Pode dizer “isso me doeu” sem achar que é drama.
Essa liberdade emocional não se conquista com esforço.
Se conquista com escuta.
Com um novo pacto com o próprio sentir.
A culpa não vai embora de uma vez.
Mas cada vez que você a escuta sem seguir suas ordens, ela perde força.
Cada vez que você se permite errar sem punição, algo cura por dentro.
Cada vez que você acolhe sua própria sensibilidade como valor — e não como fraqueza — um novo tipo de presença se instala.
E é essa presença que transforma.
Assista ao vídeo completo no canal O Poder do Ser
Se esse conteúdo trouxe clareza ou tocou partes suas que estavam esquecidas, te convido a assistir ao vídeo completo no canal O Poder do Ser:
“A Culpa É a Dor da Criança Que Você Ignorou | Gabor Maté”
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Um conteúdo para quem já cansou de fórmulas mágicas, e quer entender, com verdade, por que sente o que sente.
Inscreva-se no canal, ative o sino e siga conosco nesse caminho de retorno — onde a culpa deixa de ser um castigo…
E se torna um convite para voltar a ser quem você sempre foi.